Perpétuo sonho
Descanse a cabeça em meu colo
Esqueça-se de tudo o que é lástima
Aceite o meu consolo
Descanse a cabeça em meu colo
E durma
Permita-me abrandar-lhe o dolo
Comece um novo sonho
Já que o antigo se tornou martírio
Aceite o que lhe proponho
Comece um novo sonho
Afaste-se do aspecto do calvário
Seguindo rumo ao frondoso carvalho
Já é chegado o crepúsculo
Momento terminal
Onde bem-estar é minúsculo
Já é chegado o crepúsculo
De hipnose sepulcral
Fazendo de meus olhos um simples básculo
Seduzida por uma canção de ninar
Entoada desde os confins de minha alma
Até das estrelas o habitat
Seduzida por uma canção de ninar
Sou impelida e fascinada por persegui-la como a um fantasma
Do qual não há como escapar
Já no habitat de estrelas
Contemplo anjos
Como se sempre os pudesse ver por entre minhas lamelas
Já no habitar de estrelas
Aprecio o sussurro entoado
Porquanto tenho como portas, janelas
E o que importa?
Sabes?
Ouça!
Tendo luz como guia
E lucidez pertencida de estrelas
Gentilmente me encaminho...
Tendo luz como guia
Claridade lúgubre já surgida
Atraindo e ostentando mais um alvorecer
Perdida no âmago
Não consigo ouvir... Não sou capaz de sair
E mais de mim mesma apago
Perdida no âmago
Após todos os meus fantasmas terem lucrado comigo
Já não há mais estômago
Depois de todo o isolamento
Proporcionado pela minha própria mente
Escapei do utópico tormento
Depois de todo o isolamento
O real se mostra pela tardia abertura do básculo
Findando o noturno padecimento
Mas dando lugar a um novo sofrimento
Representado pela expiação, mágoa, purgatório, luto, suplício e transe
Tornando tudo num perpétuo sonho
E o que importa?
Sabes?
Ouça!
Já não importa se é dia ou noite
Meus fantasmas ainda estão lucrando comigo
E já nem sei se meu básculo está aberto ou fechado
Já não importa se é dia ou noite
A morte de hoje sempre chega certeira
Fortalecendo mais a horrenda barreira
De sangue e lágrimas formada,
Consternação e tortura velada,
Pesar e dor em proporção demasiada
E o que importa?
Sabes?
Ouça!
Já não pareço sonhar,
Já não sou capaz de acordar
Perpétuo sonho a atormentar.
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