domingo, 5 de julho de 2009

Perpétuo Sonho


Perpétuo sonho

*

Descanse a cabeça em meu colo

Esqueça-se de tudo o que é lástima

Aceite o meu consolo

*

Descanse a cabeça em meu colo

E durma

Permita-me abrandar-lhe o dolo

*

Comece um novo sonho

Já que o antigo se tornou martírio

Aceite o que lhe proponho

*

Comece um novo sonho

Afaste-se do aspecto do calvário

Seguindo rumo ao frondoso carvalho

*

Já é chegado o crepúsculo

Momento terminal

Onde bem-estar é minúsculo

*

Já é chegado o crepúsculo

De hipnose sepulcral

Fazendo de meus olhos um simples básculo

*

Seduzida por uma canção de ninar

Entoada desde os confins de minha alma

Até das estrelas o habitat

*

Seduzida por uma canção de ninar

Sou impelida e fascinada por persegui-la como a um fantasma

Do qual não há como escapar

*

Já no habitat de estrelas

Contemplo anjos

Como se sempre os pudesse ver por entre minhas lamelas

*

Já no habitar de estrelas

Aprecio o sussurro entoado

Porquanto tenho como portas, janelas

*

E o que importa?

Sabes?

Ouça!

*

Tendo luz como guia

E lucidez pertencida de estrelas

Gentilmente me encaminho...

*

Tendo luz como guia

Claridade lúgubre já surgida

Atraindo e ostentando mais um alvorecer

*

Perdida no âmago

Não consigo ouvir... Não sou capaz de sair

E mais de mim mesma apago

*

Perdida no âmago

Após todos os meus fantasmas terem lucrado comigo

Já não há mais estômago

*

Depois de todo o isolamento

Proporcionado pela minha própria mente

Escapei do utópico tormento

*

Depois de todo o isolamento

O real se mostra pela tardia abertura do básculo

Findando o noturno padecimento

*

Mas dando lugar a um novo sofrimento

Representado pela expiação, mágoa, purgatório, luto, suplício e transe

Tornando tudo num perpétuo sonho

*

E o que importa?

Sabes?

Ouça!

*

Já não importa se é dia ou noite

Meus fantasmas ainda estão lucrando comigo

E já nem sei se meu básculo está aberto ou fechado

*

Já não importa se é dia ou noite

A morte de hoje sempre chega certeira

Fortalecendo mais a horrenda barreira

*

De sangue e lágrimas formada,

Consternação e tortura velada,

Pesar e dor em proporção demasiada

*

E o que importa?

Sabes?

Ouça!

*

Já não pareço sonhar,

Já não sou capaz de acordar

Perpétuo sonho a atormentar.

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