domingo, 25 de outubro de 2009

Mágico de Oz



Mágico de Oz


Cérebro:


Ainda recordo da minha visão de criança:

De todas as sutis sensações,

De todas as pequenas grandes descobertas,

De todos os sonhos acreditados,

De todo o amor recebido...


Mas lentamente tudo isso foi apagado pelo conhecimento de agora:

Dor,

Ruir,

Sucumbir,

Desamor...


Ah! Como desejo voltar ao tempo de inocência:

A acreditar em tudo,

A saber de nada...

Ainda lembro do sol morno em minha pele de criança,

Mas agora, de algum modo, ele é imensamente frio...


Coração:


Já não sinto mais o pulsar,

Resta apenas vazio e tormento.


Aonde está meu coração?

Desejas meu coração?


Ele está sendo ofertado num comércio ilegal,

Ele está sendo doado num mundo irreal.


Se sei do meu coração?

Se ainda desejo meu coração?


Ele sucumbiu em armadilhas e quimeras

Ele é relíquia de olhos estranhos.


Coragem:


O tempo passa diante de mim

Guerra, peste, fome e medo se apresentam a mim.

Já no fim, me encontro nesse pobre lugar

E o alheio de mim faço sair.

No negror e terror de mentiras violentas

O mal se apresenta

E ele...

Ele é eu...

Ah... Ah...



Oráculo de Opostos



Oráculo de Opostos


Minha vida é repleta de sonhos desfeitos,

Abandono,

Esquecimento,


Precário sustento...

Mas não demonstro o descontentamento.

Afinal, de que adiantaria...?


Lutei incontáveis vezes

A fim de suportar e vencer afazeres...

Mas agora, desisto.


Fujo de tudo isso.

Retiro-me daqui.

Afasto-me...


Na penumbra e na solidão

Sinto-me a salvo

Apesar do tormento e da prisão...


Não tenho mais para onde ir.

Mas não podia continuar.

Já não suportava o não pertencer, o não encaixar.


O tempo passou e o frio e a dor

Transformam tudo num martírio

E aumentam o torpor.


Estou perdida e sozinha,

Mesmo estando em casa,

Mesmo rodeada de gente.


Não quero e nem devo chorar.

Não quero e nem devo desistir.

Mas meus olhos e meu cérebro me traem. Tudo acontece...


Choro até o corpo doer,

Até faltar o ar

E até a lágrima secar.


Desisto de forma vergonhosa

Entregando-me ao inimigo

Sem impor a sonhada resistência impetuosa.


Não deveria voltar.

Mas como já disse:

A traição está a me perseguir e atormentar.


Não quero acordar.

É doloroso demais,

É triste demais.


Não quero me ver,

Já não sei quem ou o que sou,

Mas não quero constatar os fatos.


Já que as sombras me impedem de ver

Sinto-me a salvo,

Sinto-me livre do tormento.


Não tendo outro lugar para ir,

Permaneço à espera... nem mesmo sei de que.

Porém não posso ficar onde não pertenço.


Na penumbra sinto-me segura,

Sinto-me intocável.

Mas não posso permanecer aqui.


Sem ter para onde ir

Vago em busca do oráculo onde verdade é mentira

E tristeza, felicidade. Oráculo de Opostos.


Já que meus olhos desanimados e dispersos são vazios

Busco ilusões que preencham meu espírito,

Que abrandem ou anestesiem meu suplício.



Esqueça



Esqueça


Palavras são sussurros,

Já não atento.

Rostos são embaçados,

Já não reparo.

Todas as sensações apenas somem...

Sem que eu note.


Por isso minha mente atormenta.

Por isso minha alma sofre.

Por isso lágrimas caem como chuva de mim.


Mas esqueça-se do que digo.


Dizeres enigmáticos,

Termos de difícil entendimento e uso.

É meu jeito de pronunciar.


Aspiro tudo e prendo em mim,

Entretanto não tenho acesso.

Está distante...

Não consigo tocar...


Quero mostrar potencial

Ao mesmo tempo, me esconder.

Antônimo... Antônimo confesso.


Por isso estou atormentada.

Por isso sofro.

Por isso lacrimejo em cascata.


Mas esqueça o que digo.


Nada mais sou do que uma criança

Que grita e chora por atenção,

Amor, esperança, compaixão.

Contudo, escondo.


Já não entendo o que sinto.

Mas farei o certo

Desde que me revelem e guiem.


Triste dependência,

Atormentadora decadência...

É por isso que o tormento não cede,

Que o sofrimento prossegue

E que a lágrima dilacera.

Mas esqueça-se de tudo o que disse.






Pelo que vivo. Pelo que morro. O que ignoro. O que queria...



Pelo que vivo. Pelo que morro. O que ignoro. O que queria...


Tudo pelo que vivo:

Luz de sol,

Gotas de orvalho,

Olhar sincero,

Beijo de lábios,

Abraço acalentador,

Desapego exterior...


Tudo pelo que morro:

Ímpeto de apatia,

Letargia,

Fantasmas internos,

Medos infantis,

Olhares dispersos,

Alma sombria e abatida,

Dor em demasia...

Alucinação,

Monstros e quimeras,

Abertura tardia de básculos,

Solidão,

Agonia,

Trevas,

Ausências...


Tudo o que não posso ignorar solitária:

Medo,

Dor,

Lágrima,

Lástima,

Torpor,

Pesadelos,

Solidão,

Desamor,

Falta de diálogo,

Delírios,

Sordidez de atos,

Martírios...


E é apenas o início do crepúsculo,

Apenas o início da separação:

Morte Vida,

Guerra Paz,

Mentira Verdade,

Ódio Amor,

Tristeza Felicidade,

Fantasia Realidade,

Real Utopia.


Mas a compreensão vem da queda,

Do ruir, da morte, do nada, da loucura...


Após a compreensão,

Após juntar de pensamento e informação,

Surge a tentativa de melhora.


Mas não posso me manter de fora,

Fugir à parte,

Melhorar a mim.


Tudo pelo que vivo:

Luz de sol,

Gotas de orvalho,

Olhar sincero,

Beijo de lábios,

Abraço acalentador,

Desapego exterior...


Tudo pelo que morro:

Ímpeto de apatia,

Letargia,

Fantasmas internos,

Medos infantis,

Olhares dispersos,

Alma sombria e abatida,

Dor em demasia...

Alucinação,

Monstros e quimeras,

Abertura tardia de básculos,

Solidão,

Agonia,

Trevas,

Ausências...


Tudo o que não posso ignorar solitária:

Medo,

Dor,

Lágrima,

Lástima,

Torpor,

Pesadelos,

Solidão,

Desamor,

Falta de diálogo,

Delírios,

Sordidez de atos,

Martírios...


Tudo o que queria:

Paz,

Amor,

Felicidade,

Tranqüilidade...

Embora almejasse mais, muito mais.


Não consigo fugir,

Me desapegar,

Deixar que tudo vá...

Fantasmas ainda lucram comigo

Porque a porta ainda está aberta.


Sagrado é o sonhar,

Apesar do perpétuo sonho ainda atormentar.


Por favor,

Retire meus medos obscuros,

Jogue-os, leve-os para bem longe.


Entoe canções de ninar,

Dê-me razões, mesmo que incertas,

Mostre-me que ainda vivo,

Que ainda sinto,

Que já não morro...


Mostre-me, mesmo que por meio de minhas obsessões,

O caminho, a lição, a luz

Para encontrar a mim mesma.

Pois assim não estarei perdida.

Mas por favor,

Por favor...

Fique e guie-me,

Refugie-me,

Salve-me,

Alerte-me que já é o fim...

Mas não me deixe findar...


Tudo pelo que vivo:

Luz de sol,

Gotas de orvalho,

Olhar sincero,

Beijo de lábios,

Abraço acalentador,

Desapego exterior...


Tudo pelo que morro:

Ímpeto de apatia,

Letargia,

Fantasmas internos,

Medos infantis,

Olhares dispersos,

Alma sombria e abatida,

Dor em demasia...

Alucinação,

Monstros e quimeras,

Abertura tardia de básculos,

Solidão,

Agonia,

Trevas,

Ausências...


Tudo o que não posso ignorar solitária:

Medo,

Dor,

Lágrima,

Lástima,

Torpor,

Pesadelos,

Solidão,

Desamor,

Falta de diálogo,

Delírios,

Sordidez de atos,

Martírios...


Tudo o que queria:

Paz,

Amor,

Felicidade,

Tranqüilidade...

Embora almejasse mais, muito mais.


Não consigo fugir,

Me desapegar,

Deixar que tudo vá...

Fantasmas ainda lucram comigo

Porque a porta ainda está aberta.


Sonhava em mudar o mundo,

Em me mudar,

Em ser notada,

Em ser a única...


Mas percebi que já não é possível

E nunca o foi...


Poderia ter corrido para sempre

A fim de fugir do pesar da descoberta.

Mas de que adiantaria?

De que adiantaria fugir

Se continuaria de luto pelo meu amor,

Pela minha dor,

Pelo meu torpor,

Pelo recém-criado e perpetrado vazio interior...?


Tudo pelo que vivo:

Luz de sol,

Gotas de orvalho,

Olhar sincero,

Beijo de lábios,

Abraço acalentador,

Desapego exterior...


Tudo pelo que morro:

Ímpeto de apatia,

Letargia,

Fantasmas internos,

Medos infantis,

Olhares dispersos,

Alma sombria e abatida,

Dor em demasia...

Alucinação,

Monstros e quimeras,

Abertura tardia de básculos,

Solidão,

Agonia,

Trevas,

Ausências...


Tudo o que não posso ignorar solitária:

Medo,

Dor,

Lágrima,

Lástima,

Torpor,

Pesadelos,

Solidão,

Desamor,

Falta de diálogo,

Delírios,

Sordidez de atos,

Martírios...


Tudo o que queria:

Paz,

Amor,

Felicidade,

Tranqüilidade...

Embora almejasse mais, muito mais.


Não consigo fugir,

Me desapegar,

Deixar que tudo vá...

Fantasmas ainda lucram comigo

Porque a porta ainda está aberta.


Por que dói tanto sentir?

Deveria mesmo passar por tudo isso?

Deveria mesmo sofrer tudo isso?

Deveria trancar a porta aberta?

Deveria mesmo trancar a minha última porta aberta?


Porque o dia em que o fizer será para sempre.

E se o fizer nada mais virá,

Nada mais surgirá,

Nada mais demonstrado será,

Nada mais...

Já que tudo trancado estará...


Por que fantasmas lucram comigo?

Se já não atento o ouvido,

Se já perdi meu espírito,

Se já não há qualquer alívio,

Se o tormento é velado martírio,

Se depois de tanta dor

Já não sinto,

Se o coração já não bate,

Se já não há escape,

Se mais eu morro,

Se mais eu sofro...


E após tudo...

Após tudo

Mais eu sinto.

Mais me perco.

Mais eu morro.



sábado, 18 de julho de 2009

Olhos Fechados


Olhos Fechados

*

Com os olhos fechados

Na vã esperança de te encontrar.

Posso contigo não estar,

Mas mantenho o sonho.

*

Com os olhos fechados

Na vã esperança de te encontrar.

Vago pelo mundo

Buscando em que(m) acreditar.

*

Com os olhos fechados

Na vã tentativa de me privar.

Entretanto a negrura alheia a mim foi maior

E afundei no demasiado torpor.

*

Com os olhos fechados

Na vã tentativa de me privar.

Submergi perante a quimera da alucinação

Causada pela impetuosa letargia.

*

Com os olhos fechados

Aprisiono a ti dentro de mim

Para sempre te ter por perto

Mesmo com a distância.

*

Com os olhos fechados

Aprisiono a ti dentro de mim

Para que aonde quer que eu vá

Tenha a ti no olhar.

*

Com os olhos fechados

Já não percebo o que é ilusão.

Acabo por inverter a percepção

Tendo por portas, janelas.

*

Com os olhos fechados

Já não percebo o que é ilusão.

Tendo tudo quebrado e perdido,

Tendo o nada ileso e presente em mim.

*

Com os olhos fechados

Não consigo ver a luz.

Resigno-me apenas a esperar

Pelo crepúsculo, solidão, falta de ar...

*

Com os olhos fechados

Não consigo ver a luz.

Sinto apenas ausência

De sons, de paz e de vida a carência.

*

Com os olhos fechados

Percebo-me só agora

Sem rumo vagando,

Sem caminho, sem sonho...

*

Com os olhos fechados

Percebo-me só agora

Tendo somente a negrura interna

Do ostentoso e mirabolante caos.

*

Com os olhos fechados

Não acho a saída.

Perdida no gélido do desamor,

Do sem sentimento.

*

Com os olhos fechados

Não acho a saída.

Sob vivendo de poucos anseios

E de total lástima.

*

Com os olhos fechados

Perco os resquícios de sentidos.

Já não via e agora

Não ouço, não falo, não sinto, não penso.

*

Com os olhos fechados

Perco os resquícios de sentimentos.

Paralisada pelo medo

Já não atento, me anulo.

*

Com os olhos fechados

Temo.

Pois meus fantasmas lucram comigo

E só perduram mais o horrendo silêncio.

*

Com os olhos fechados

Temo.

Pois não posso me apegar

Já que nada devo compartilhar.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Vida Longa!

Cada um com os seus

Encruzilhada

Cantílena da Chuva

Tempo Escorrido

Abraço

Outono

Interação

O Amor e a Idade

Boca de Siri!

Sobre as Coisas Impossíveis

A Força está com Você

Indecisão

Deixa eu brincar de ser feliz?



Intuição

O Nascimento da Invenção

Caminho para lugar nenhum

No caminho para lugar nenhum temos tempo para parar e ver tudo o que nos apetece.
Sem esforço, só o sentimento!

O Jardim

Negações

Negações

"Queria (e tentou) tratá-lo de forma diferente; queria acarinhá-lo e emprestar-lhe resistência sob a forma de esperança; mas ambos sabiam que tal, de nada valia. A diferença era enorme e não só quanto a perspectivas. Quando muito, conseguiria um lento escorregar para aquele estado de conciência absolutamente insuportável, que é o da realidade que se pretende negar, aquele em que se magoa ou é magoado pelo simples facto de se estar à deriva no fio do tempo, mesmo que sem nada dizer ou fazer.
O apenas estar e estar apenas, eram momentos que ele já tinha confessado que não coincidiam, nem com o sentimento de si, nem com o que julgava poder ser o sentimento do outro.
Veio então à memória a recordação de que longe, no mesmo espaço de uma vida, já tinha experimentado algo de semelhante - um estadio de adolescência revisitado sempre que acordava.
"