Oráculo de Opostos
Minha vida é repleta de sonhos desfeitos,
Abandono,
Esquecimento,
Precário sustento...
Mas não demonstro o descontentamento.
Afinal, de que adiantaria...?
Lutei incontáveis vezes
A fim de suportar e vencer afazeres...
Mas agora, desisto.
Fujo de tudo isso.
Retiro-me daqui.
Afasto-me...
Na penumbra e na solidão
Sinto-me a salvo
Apesar do tormento e da prisão...
Não tenho mais para onde ir.
Mas não podia continuar.
Já não suportava o não pertencer, o não encaixar.
O tempo passou e o frio e a dor
Transformam tudo num martírio
E aumentam o torpor.
Estou perdida e sozinha,
Mesmo estando em casa,
Mesmo rodeada de gente.
Não quero e nem devo chorar.
Não quero e nem devo desistir.
Mas meus olhos e meu cérebro me traem. Tudo acontece...
Choro até o corpo doer,
Até faltar o ar
E até a lágrima secar.
Desisto de forma vergonhosa
Entregando-me ao inimigo
Sem impor a sonhada resistência impetuosa.
Não deveria voltar.
Mas como já disse:
A traição está a me perseguir e atormentar.
Não quero acordar.
É doloroso demais,
É triste demais.
Não quero me ver,
Já não sei quem ou o que sou,
Mas não quero constatar os fatos.
Já que as sombras me impedem de ver
Sinto-me a salvo,
Sinto-me livre do tormento.
Não tendo outro lugar para ir,
Permaneço à espera... nem mesmo sei de que.
Porém não posso ficar onde não pertenço.
Na penumbra sinto-me segura,
Sinto-me intocável.
Mas não posso permanecer aqui.
Sem ter para onde ir
Vago em busca do oráculo onde verdade é mentira
E tristeza, felicidade. Oráculo de Opostos.
Já que meus olhos desanimados e dispersos são vazios
Busco ilusões que preencham meu espírito,
Que abrandem ou anestesiem meu suplício.
Nenhum comentário:
Postar um comentário