quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Importância



Importância

Importante demais para se importar
Importante demais para qualquer pessoa
Importante demais para se deixar levar
Importante demais para se preocupar com como isso soa

Fingindo ser tudo o que queria ser
Fingindo ter até o que não possui
Fingindo ver
Fingindo o que fui e não fui

É sempre assim
É sempre sem importância
É sempre frio e carmim
É sempre sua consciência e ignorância

E ninguém sabe como realmente sou
E ninguém sabe como estou
E ninguém sabe para onde vou
E ninguém sabe, nem mesmo eu, porque ainda não normalizou, cessou...

Mas a quem importa se sou aquela que chora sozinha?
Mas a quem importa se não tenho pra onde ir?
Mas a quem importa se não há nada nem ninguém que me salve de mim mesma?
Mas a quem importa se eu jamais conseguir sair?

Não há escape
Não há quem veja através de mim
Não há quem perceba o medo da morte
Não há recolher nem cessar de lágrimas e carmim

Ninguém ouve o grito escondido
Ninguém ficou para me salvar
Ninguém enfrenta comigo
Ninguém responde

Para onde posso ir?
Para onde vou fugir quando não houver ninguém para me estender a mão?
Para onde posso correr se não há escape dessa sensação?
Para onde vou fugir quando estiver completamente só e já não houver ninguém a me ouvir?

Não posso mais fugir da verdade
Não posso mais fingir que não receio
Não posso mais abandonar tudo
Não posso mais escapar desse meio

Estou tão cansada de falar palavras que ninguém entende
Estou tão cansada da solidão
Estou tão cansada do vazio abundante
Estou tão cansada de minha própria e constante negação

Que chego a extremos:
Que ouço e me firo com seus sussurros
Que sofro mais a cada grito e lágrima que não vê nem ouve
Que inverto tudo o que há em mim. E essa inversão me move

O que fazer se não há lugar para mim?
O que fazer se não resta mais ninguém aqui?
O que fazer se não consigo me manter inteira?
O que fazer se não é mais eficaz a máscara?

Meus problemas já arrombaram minhas portas
Meus fantasmas assombram minhas memórias
Meus medos destroem o que sobrou da minha resistência
Minha vontade me trai. Já não quero escapar, ou esquecer, ou melhorar... Já não há importância

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