quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Coisas simples




Coisas simples

Sinto falta de quando a vida era fácil
De quando tudo era simples

Sinto falta de quando as coisas eram felizes
De quando era fácil sorrir

Sinto falta de quando o amanhecer representava o renovar de esperanças
De quando tudo era mais mágico

Sinto falta de quando sentir era uma coisa boa
De quando era prazeroso e quente e vivo

...mas agora é só um fardo que carrego...
...um de muitos...

Sinto falta de quando a vida era fácil
De quando tudo era simples

Sinto falta de tudo
De quando era alguém completo
(já agora sou só um alguém...)

Sinto falta da disposição fluindo através de mim
De quando era preciso muito para me cansar...

Sinto falta de presenças constantes
De quando todos se achegavam – sem interesses, só por amor...

Sinto falta de quando medo não era preciso
De quando a inocência imperava...

Sinto falta das noites tranquilas e dos sonhos infantes
De quando era fácil adormecer – de quando havia a certeza do bem dormir e do despertar

Sinto falta de ansiar pelo despertar
De quando a renovada esperança corria por mim no momento em que raiava o dia novo

Sinto falta de quando a vida era fácil
De quando tudo era simples

Sinto falta das lágrimas de alegria...
De quando essa era a única forma de eu derramar lágrimas...

Sinto falta de ser eu mesma
De quando não era tão errante e confusa e amedrontada

Sinto falta de ser inteira
De quando tudo era mais fácil

Sinto falta de ser expressiva
De quando podia gritar ao mundo meus sentimentos, pensamentos, sonhos...

Sinto falta da não repressão
De quando eu não precisava esconder

Sinto falta de quando a vida era fácil
De quando tudo era simples

De quando eu não era quebrada
De quando ainda havia concerto

De quando ainda havia paz
De quando ainda havia sonhos

De quando eu tinha esperanças
De quando eu era feliz

Mas agora usurpada e violada e aterrorizada e traumatizada e irrecuperável

Sou nada
Sou perdida
Sou finda

...
Não sou mais eu.

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