Feridas
… porque há feridas que não podem ser curadas...
E rastejam sob minha pele
e me derrubam
e confundem o que é real,
o medo confunde-se com o real
Há algo dentro de mim que me puxa para baixo da superfície
que me consome
que me confunde
que me confina,
esta falta de alto-controle me acaba
Controlar-me... Parece que não consigo...
E eu temo que isso nunca acabe
Minhas paredes fecham-se ao meu redor
Não há luz
não há som
E eu não consigo me encontrar de novo
e eu nunca me senti desse jeito antes
e eu estou certa de que há coisas demais para suportar
E eu já me senti desse jeito antes:
Tão insegura, tão vazia, tão triste...
Rastejando por mim estão as minhas feridas incuráveis
O desconforto eterno se depositou em mim
e me distrai
e me retrai
e reage com os tormentos internos
É contra minha vontade que me analiso
é contra minha vontade que me contemplo no espelho
é terrivelmente assustador como parece que não consigo me
encontrar
como parece que não consigo deixar de ceder
como parece que tudo isso um dia – ou talvez nunca - vá
findar
O lugar fica cada vez mais estreito
e sem um senso de direção e confiança
estou convencida de que há mais por vir
de que não há por onde sair
de que há mais pelo que padecer
Feridas rastejantes espalham-se por mim
incuráveis
perturbadoras
inconfundíveis
cancerígenas
Há qualquer coisa me fazendo submergir
me fazendo ruir
me esgotando
Eu temo que nunca acabe
que continue controlando e confundindo o que é real
Nenhum comentário:
Postar um comentário