quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Feridas




Feridas 

… porque há feridas que não podem ser curadas...
E rastejam sob minha pele
e me derrubam
e confundem o que é real,
o medo confunde-se com o real

Há algo dentro de mim que me puxa para baixo da superfície
que me consome
que me confunde
que me confina,
esta falta de alto-controle me acaba

Controlar-me... Parece que não consigo...
E eu temo que isso nunca acabe
Minhas paredes fecham-se ao meu redor
Não há luz
não há som

E eu não consigo me encontrar de novo
e eu nunca me senti desse jeito antes
e eu estou certa de que há coisas demais para suportar
E eu já me senti desse jeito antes:
Tão insegura, tão vazia, tão triste...

Rastejando por mim estão as minhas feridas incuráveis
O desconforto eterno se depositou em mim
e me distrai
e me retrai
e reage com os tormentos internos

É contra minha vontade que me analiso
é contra minha vontade que me contemplo no espelho
é terrivelmente assustador como parece que não consigo me encontrar
como parece que não consigo deixar de ceder
como parece que tudo isso um dia – ou talvez nunca - vá findar

O lugar fica cada vez mais estreito
e sem um senso de direção e confiança
estou convencida de que há mais por vir
de que não há por onde sair
de que há mais pelo que padecer

Feridas rastejantes espalham-se por mim
incuráveis
perturbadoras
inconfundíveis
cancerígenas

Há qualquer coisa me fazendo submergir
me fazendo ruir
me esgotando
Eu temo que nunca acabe
que continue controlando e confundindo o que é real

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