Um espaço para expor meus sentimentos e pensamentos, para dividir opiniões e histórias.
segunda-feira, 22 de março de 2010
e a própria morte
SOLIDÃO
Chico Xavier
Solidão não é a falta de gente para conversar, namorar, passear ou fazer sexo, isto é ... CARÊNCIA.
Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar, isto é... SAUDADE.
Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe às vezes, para realinhar os pensamentos, isto é... EQUILIBRIO.
Tampouco é o claustro involuntário que o destino nos impõe compulsoriamente, para que revejamos a nossa vida, isto é... PRINCÍPIO DA NATUREZA.
Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado, isto é... CIRSCUNSTÂNCIA.
Solidão é muito mais que isto...
Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão, pela nossa alma.
Quem poderia dizer que é mentira?
Quem poderia dizer que é mentira?
Fui matando meus heróis aos poucos,
Pois percebi que de heróis nada tinham.
Não havia lição para aprender. Heróis não existiam.
Sou uma contradição.
Não faço sentido, ele fugiu de minha mão.
Perco-me. Vagando sem rumo.
Fingindo que não preciso de ninguém,
Fingindo que não preciso de um lugar só meu.
E quem poderia dizer que é mentira?
Ocultação faz parte de minha vida.
Minhas memórias não são só memórias.
São fantasmas que me sopram os ouvidos,
São pesadelos que, quando acordada, me perturbam o juízo.
Esforço-me para dar o melhor de mim
Pois só assim
Disfarço o carmim.
Sou despedaçada, dilacerada
Todas as vezes que sou lembrada.
Minhas memórias não são só memórias.
São fantasmas que me sopram os ouvidos,
São pesadelos que, quando acordada, me perturbam o juízo.
E quem poderia dizer que é mentira?
Ocultação faz parte de minha vida.
Mas já não importa.
Sou antônimo confesso.
E apenas ilusão faz progresso.
Não há nexo.
Tudo em mim e para mim é deveras complexo.
Sou uma aberração.
Foge ao meu controle ser como a multidão.
Sou barco sem rumo
Simulando não precisar de porto seguro.
E quem poderia dizer que é mentira?
Ocultação faz parte de minha vida.
Domingo de manhã – 17/05/2009
Domingo de manhã – 17/05/2009
É domingo de manhã. Angélica nos deixa.
Domingo, hora do café, meio da manhã.
Domingo, dia geralmente tranquilo, pacífico.
Serena Angélica desperta.
Uma dor aguda, instalada em seu ventre e costas,
Mas não era preocupante, acontecia.
Inteligente, bonita e doce assim ela era.
Até que recebeu o súbito chamado.
Angélica, matemática, professora e amada, aconteceu-lhe isto:
Deus é quem vai ensiná-la
E mostrar-lhe face a face
O amor imensurável do Inexprimível.
Angélica parte na manhã de domingo,
Transportada – e meus olhos precários se ofuscaram
Devido às lágrimas, não vi –
Transportada por teoremas de anjos da cor e porte
Dos seus olhos e sonhos.
A dor a abandonou para ceder o espaço
À esperança e conforto eternos.
Angélica se foi e tão cedo chegou à porta de Deus.
Não vi, mas facilmente imagino
Seu esplendido sorriso,
Respondendo nesse domingo de manhã
Ao sorriso de Deus.
Dedicado à Angélica Maria Pereira Gonçalves de Andrade,
Minha amada cunhada.
Desabafo
Desabafo
Não disseram que ela já não respirava
Não disseram que sua existência já se findava
Nuvens de chuva vêm brincar
Nuvens de chuva vêm no céu constantemente pairar
Não disseram que ela já estaria fria
Não disseram que ela já não sorriria
Nuvens de chuva permanecem a ocultar
Nuvens de chuva permanecem no lacrimejar
O sinal tocou e o entendimento atingiu
O sinal tocou e a esperança ruiu
Não disseram que ela iria
Não disseram que ela sucumbiria
Nuvens de chuva são coadjuvantes
Nuvens de chuva são a representação do constante
O sinal tocou e o permanente brincar recomeçou
O sinal tocou e o permanente brincar é tudo o que restou
E a mente mente na tentativa de fornecer ajuda
E a mente mente na tentativa de aliviar
Não disseram que ela já não respirava
Não disseram que ela já estaria fria
Nuvens de chuva que permanecem sobre mim.
Nuvens de chuva que me são um costume.
O sinal tocou e a solidão é tudo o que me restou
O sinal tocou e a solidão se faz presente mesmo em meio à multidão
E a mente mente na tentativa de preencher o vazio
E a mente mente na tentativa de aliviar o frio
Se surgisse sorriso, verdadeiro sorriso, talvez houvesse aliviar
Se surgisse sorriso e talvez aliviar, sentiria como se estivesse a lhe apunhalar
Não quero alivio nem comiseração,
Apesar de não querer permanecer no negror e na solidão do vão.
Não disseram que seria tão frio. E principalmente,
Não disseram que tudo se tornaria num ruir gradativo.
Nuvens de chuva representam os olhos
Nuvens de chuva representam os ais
O sinal tocou e quimeras e fantasmas eram única companhia.
O sinal tocou e, nesse instante, superabundou em lágrimas frias.
E a mente mente na tentativa de fornecer ainda algum parco contentamento.
E a mente mente na tentativa de aliviar o tormento.
Se surgisse sorriso talvez eu não desejasse tanto o entorpecente.
Se surgisse sorriso, verdadeiro sorriso, talvez eu não me sentisse tão doente.
Não quero alivio nem comiseração,
Apesar de não querer permanecer no negror e na solidão do vão.
Não disseram que ela traria o corroer de tanta falta
Não disseram que a solidão se faria e pareceria tão certa
Nuvens de chuva ocultam-me em sombra
Nuvens de chuva ocultam-me, ao mesmo tempo em que revelam, do sombrio que inspeciona
O sinal tocou e a tua ausência me fez suicida
O sinal tocou e eu percebi que ninguém liga.
E a mente mente na tentativa de estabelecer conversa
E a mente mente na tentativa de aplacar a alucinação tão certa
Não disseram que ela traria o corroer de tanta falta
Não disseram que ela traria o pungente doer na alma
Nuvens de chuva que choram carmim
Nuvens de chuva que choram negrume. E tudo sobre mim.
O sinal tocou e não houve despertar
O sinal tocou e ocorreu a demasia do afundar.
E a mente mente na tentativa de me livrar do prático efeito da dor.
E a mente mente na tentativa de me livrar do efeito da depressão que preenche meu interior.
Se surgisse sorriso, verídico sorriso, talvez ainda houvesse conserto.
Se surgisse sorriso, verídico sorriso, talvez eu não sentisse o meu corpo em si mesmo preso.
Negra fonte, negros sóis. Recuso-me a acreditar
Negra fonte, negros sóis. Recuso-me a aceitar.
Não quero alivio nem comiseração,
Apesar de não querer permanecer no negror e na solidão do vão.
Não tente me consertar, não estou quebrada
Não tente me consertar, estou apenas atormentada
Não disseram que mudaram as estações. Faz tanto frio, faz tanto tempo...
Não disseram que tudo seria tão diferente, que no meu mundo tudo se perderia.
Nuvens de chuva que mais condensam com o todo frio
Nuvens de chuva que mais condensam no todo sombrio
E a mente mente por que sabe que eu já não ligo.
E a mente mente por que sabe o que oculto.
Se surgisse sorriso talvez após o frio fizesse calor. Mas
Se surgisse sorriso seria máscara-esconderijo e mais o frio preencheria e aumentaria no âmago.
Negra fonte, negros sóis. Recuso-me a continuar
Negra fonte, negros sóis. Recuso-me a me entregar.
Não quero alivio nem comiseração,
Apesar de não querer permanecer no negror e na solidão do vão.
Não tente me consertar, não estou quebrada
Não tente me consertar, estou apenas estilhaçada
Não disseram que eu já não a poderia mais ver
Não disseram que isso também me faria fenecer
Nuvens de chuva ocultam os olhos de pedra sem pena de mim.
Nuvens de chuva ocultam, aos olhos alheios, os outdoors de medo que se erguem perante mim.
O sinal tocou e a concordância chegou.
O sinal tocou e a consciência me apunhalou.
E a mente mente vindo sempre com as mesmas notícias.
E a mente mente distorcendo as sensações para que não haja em mim alguma parte suicida.
Se surgisse sorriso, de abundar e contagiar...
Se surgisse sorriso, talvez eu me sentisse usurpar.
Não tente me consertar, não estou quebrada
Não tente me consertar, estou apenas esfrangalhada
Não tente me consertar, não estou quebrada
Não tente me consertar, estou apenas alucinada
Não quero alivio nem comiseração,
Apesar de não querer permanecer no negror e na solidão do vão.
Não tente me consertar, não estou quebrada
Não tente me consertar, estou apenas alienada
Não disseram que ela iria.
Não disseram que com o tempo eu concordaria.
Nuvens de chuva que choram carmim.
Nuvens de chuva que choram negrume. E tudo sobre mim.
O sinal tocou e desejei com todas as forças poder trocar de lugar contigo.
O sinal tocou e desejei com todas as forças ter esse fúnebre alívio.
E a mente mente porque sabe que mentira vive por mim.
E a mente mente porque sabe que a criança interior chora e transborda em carmim.
Se surgisse sorriso, talvez eu sentisse culpa
Se surgisse sorriso, eu me sentiria te negar.
Não quero alivio nem comiseração,
Apesar de não querer permanecer no negror e na solidão do vão.
Não disseram que sua existência já se findava
Não disseram que ela iria
Nuvens de chuva transbordantes de fel
Nuvens de chuva transbordando pelo todo cruel
O sinal tocou e agora tanto faz.
O sinal tocou e agora não vou nem desistir nem tentar...conformar.
E a mente mente na tentativa de fornecer esperança.
E a mente mente na tentativa de me fazer abrir a tranca.
Se surgisse sorriso talvez parasse de ler histórias na parede e de assisti-las no teto.
Mas sorriso não surgiu e hoje o amor partiu.
Não quero alivio nem comiseração,
Apesar de não querer permanecer no negror e na solidão do vão.
Não disseram que, quando ela fosse, eu já com nada me importaria.
Não disseram que, quando ela fosse, só me restaria essa agigantada apatia.
Nuvens de chuva escondem o sol que deveria estar lá fora. Escondem o suntuoso jardim.
Nuvens de chuva escondem o rosto inchado de mágoa.
O sinal tocou e vi que não se realizaria meu intento.
O sinal tocou e vi que não possuía mais nenhum sustento.
E a mente mente na tentativa de restabelecer o torpor.
E a mente mente porque já sabe que alegria é efemeridade em meu interior.
Se surgisse sorriso, verídico sorriso, talvez eu voltasse a acreditar que tudo era pra sempre.
Mas sorriso não surgiu e pra sempre sempre acaba.
Não disseram que ela já não sorriria
Não disseram que ela sucumbiria
Nuvens de chuva preenchem meus dias
Nuvens de chuva preenchem minhas noites
Não disseram que ela traria o pungente doer na alma
Não disseram que o isolamento é que me traria a calma
Nuvens de chuva escondem-me em bruma
Nuvens de chuva escondem-me do torpe
Não disseram que, quando ela fosse, o suicídio seria constante
Não disseram que estar viva se tornaria ainda mais torturante
Nuvens de chuva choram por mim. E mesmo que o feitiço vá,
Nuvens de chuva continuarão a chorar carmim.
Não quero alivio nem comiseração,
Apesar de não querer permanecer no negror e na solidão do vão.
Nuvens de chuva perfeitas, perfeitas.
Nuvens de chuva sussurram-me todas aquelas frases feitas.
Nuvens de chuva são o permanente. E nada vai mudar isso.
Nuvens de chuva são o permanente. E nada vai conseguir mudar o que ficou.
Nuvens de chuva são o constante. E nada vai conseguir arrancar o que se instaurou.
Nuvens de chuva são o constante. E nada vai arrancar o que superabundou.
Apesar de não querer permanecer no negror e na solidão do vão.
Não quero alivio nem comiseração.
É o mesmo sinal
É o mesmo sinal
E é o mesmo sinal a tocar novamente
Enquanto o meu corpo sofre
a minha mente mente
Enquanto minha mente delira
meu corpo se faz ausente
E é o mesmo sinal a tocar novamente
Enquanto nuvens chuvosas preenchem o meu céu completamente
cerro meus olhos no escuro
Enquanto cerro meus olhos não durmo
e as nuvens lacrimejam por mim, do céu negro escorre carmim
E é o mesmo sinal a tocar novamente
Enquanto o sino não soa e a ficha não cai,
a única percepção é que não há com quem brincar, não há com quem chorar
Enquanto ainda me sinto dormente,
a única percepção é que não há respiração, não há som, não há visão, não há batimento de [coração
E é o mesmo sinal a tocar novamente
Enquanto me encerro e escondo para não parecer doente,
sorrio e não acredito
Enquanto me perco em delírios, ilusão e quimeras,
espero por despertar disto que só pode ser um sonho
E é o mesmo sinal a tocar novamente
Enquanto roubada e violada
sinto-me doída, e a dor me faz tristemente inspirada
Enquanto estou quebrada e atormentada
não desejo ser consertada, amenizada, consolada...
E é o mesmo sinal a tocar novamente
E o sino que soa é a morte
Soem sinos, soem
Levem de mim a esperança e a sorte,
levem de mim o fascínio e os fortes.
Dedicado aos tão queridos que perdi.
À Angélica e também ao Ted, minha mais recente perda
Minha mais recente dor e tristeza.
Luto
Luto
E o que é a morte até se sentir
Senão dor
E o que é a dor até se sentir
Se não imaginária
Lágrima, agonia, torpor.
Memória lendária.
E a solidão e a ausência se tornam quimeras
E as lembranças são conforto,
Apesar de as aflições não atenuarem.
Ah, quem dera
Que cessasse o tormento
Mas talvez isso significasse esquecimento.
E imemorar-te é impossível!
Não amar-te é inconcebível!
Não admirar-te, imponderável!
Não sentir sua ausência, impensável!
E é por isso que estou de luto.
Porque meu coração está em profundo sofrimento.
E é o que a tua carência me faz.
É o que a ausência da tua presença traz.
E o luto irá continuar.
Uma parte de mim para sempre permanecerá.
Mas o amor da mesma forma persiste.
Porque, apesar da separação, a ligação contigo é permanente.
Não vou esquecer,
Apesar do não ver.
Vou sempre pensar,
Apesar de isso me fazer chorar.
Vou para sempre te amar,
Porque sua natureza me conquistou.
De luto estou,
Pois uma parte de mim jamais vai voltar;
Ela foi contigo.
E o luto, apesar de dor,
É alívio
É minha homenagem silenciosa
É meu monumento invisível
É laço de união imperecível.
Dedicado à Angélica Maria Pereira Gonçalves de Andrade,
Minha amada cunhada.