domingo, 16 de dezembro de 2012






Escorra

“Vamos! Escorra desses dedos cortados,
Poema...”

Escorra desses olhos cerrados,
Lágrima...

Escorra desse coração jazido,
Sentimento...

Escorra desse cérebro invalidado,

Pensamento...

Escorra desse corpo quebrado,
Fluido sanguinolento.

Vamos!
Escorra!

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012





Não posso mais vencer

Estou perdida
Estou desgastada
Estou enfraquecida

A tristeza que carrego tão fundo em meu coração
Cresceu tanto que não posso mais vencer
Eu não me importo mais
A luta foi perdida, eu reconheço

Estou aqui a tempo de mais
Estou assim a tempo demais
Estou a lembrar a tempo demais

A tristeza que carrego tão fundo em meu coração
Cresceu tanto que não posso mais vencer
Eu não me importo mais
A luta foi perdida, eu reconheço

Estou duvidosa
Estou ansiosa
Estou chorosa

A tristeza que carrego tão fundo em meu coração
Cresceu tanto que não posso mais vencer
Eu não me importo mais
A luta foi perdida, eu reconheço

Estou desencontrada
Estou desesperançada
Estou desesperada

A tristeza que carrego tão fundo em meu coração
Cresceu tanto que não posso mais vencer
Eu não me importo mais
A luta foi perdida, eu reconheço

Toda esperança se foi
Não posso vencer

A luta foi perdida, eu reconheço

































Só desejava... Conversão do desejo

Só desejava aprender
Só desejava agradar
Só desejava compartilhar
Só desejava experienciar
Só desejava alcançar suas expectativas
Só desejava cumprir com meus deveres

Mas o desejo se mostrou infrutífero e danoso
Converteu-se em pesadelos e dores
Converteu-se em espinhos e tormentas
Converteu-se em sombras e vazio
Converteu-se em mal-estar e inquietações
Converteu-se em mazelas

O que fizeste de mim?





O que fizeste de mim?

O que fizeste de mim?
Eu que sorria e me alegrava
Eu que amava e me entregava
Eu que me esforçava e me empenhava
Eu que lutava e não transparecia
Eu que buscava e aprendia

O que fizeste de mim?
Pois hoje, sorrio vazio e me entristeço
Pois hoje, não sinto e fujo
Pois hoje, tanto faz e desisto
Pois hoje, abandono e me canso
Pois hoje, estou perdida e esquecida

O que fizeste de mim?
Onde estão todas as promessas?
Onde está todo o valor?
Até mesmo o respeito e o zelo se foram.
Onde está o importar e o bom conviver?
Onde estão as perspectivas e a ajuda de bom grado?

Coisas simples




Coisas simples

Sinto falta de quando a vida era fácil
De quando tudo era simples

Sinto falta de quando as coisas eram felizes
De quando era fácil sorrir

Sinto falta de quando o amanhecer representava o renovar de esperanças
De quando tudo era mais mágico

Sinto falta de quando sentir era uma coisa boa
De quando era prazeroso e quente e vivo

...mas agora é só um fardo que carrego...
...um de muitos...

Sinto falta de quando a vida era fácil
De quando tudo era simples

Sinto falta de tudo
De quando era alguém completo
(já agora sou só um alguém...)

Sinto falta da disposição fluindo através de mim
De quando era preciso muito para me cansar...

Sinto falta de presenças constantes
De quando todos se achegavam – sem interesses, só por amor...

Sinto falta de quando medo não era preciso
De quando a inocência imperava...

Sinto falta das noites tranquilas e dos sonhos infantes
De quando era fácil adormecer – de quando havia a certeza do bem dormir e do despertar

Sinto falta de ansiar pelo despertar
De quando a renovada esperança corria por mim no momento em que raiava o dia novo

Sinto falta de quando a vida era fácil
De quando tudo era simples

Sinto falta das lágrimas de alegria...
De quando essa era a única forma de eu derramar lágrimas...

Sinto falta de ser eu mesma
De quando não era tão errante e confusa e amedrontada

Sinto falta de ser inteira
De quando tudo era mais fácil

Sinto falta de ser expressiva
De quando podia gritar ao mundo meus sentimentos, pensamentos, sonhos...

Sinto falta da não repressão
De quando eu não precisava esconder

Sinto falta de quando a vida era fácil
De quando tudo era simples

De quando eu não era quebrada
De quando ainda havia concerto

De quando ainda havia paz
De quando ainda havia sonhos

De quando eu tinha esperanças
De quando eu era feliz

Mas agora usurpada e violada e aterrorizada e traumatizada e irrecuperável

Sou nada
Sou perdida
Sou finda

...
Não sou mais eu.

A última coisa bonita / Não há mais nada / Partir




A última coisa bonita / Não há mais nada / Partir

Não há mais nada que me prenda
Não há mais nada que possa me fazer ficar
Não há mais nada que possa me fazer ser
Não há mais nada que me possa dar
Não há mais parte que seja íntegra em mim

Já agora, tudo vai embora
E já houve tanta dor, que quando se foi
Não doeu
Não houve saudades
Não houve adeus

Ficou apenas vazio
Ficou apenas um pouco mais frio
E essa...
Essa foi a última coisa bonita que podia me dar:
Partir.

Êxtase / Sempre e outra vez




Êxtase / Sempre e outra vez 

“Quebrar”...
“Eu estou prestes a quebrar”...
Sem espaço para respirar

E já não posso mais suportar tudo isso
Mas repito tudo o que disse antes
E peço para que esqueça

Todas essas palavras não parecem fazer qualquer sentido – eu sei
Mas elas expressam tudo o que eu sinto
O êxtase da ignorância já não me pertence mais

Mais eu ouço, menos você diz
Mais eu intuo, menos você percebe
Mesmo quando eu tento revelar, mesmo quando eu tento falar

Acho que a verdade não é tão clara
É sempre difícil demais alcançar as respostas
Mas o êxtase da ignorância já não me pertence mais

Eu queria desaparecer
Nada mais faz sentido – nem eu mesma
Tudo parece estar muito distante – sempre e outra vez

Sempre e outra vez
Assim como antes
Sempre voltando ao mesmo ponto – ciclo vicioso de constante repetição

Tudo o que não me diz
Deixa-me mais próxima da beira do vão
“Eu estou prestes a quebrar!”

Eu preciso de um tempo, um espaço para respirar
Um passo mais rumo à beira do vão
“Eu estou prestes a quebrar”

Sempre e outra vez
Assim como antes
Devo dizer que eu mesma sou o passo que me aproxima da beira

Prestes a quebrar
Prestes a ruir
Não há lugares, nem mesmo um, para onde eu possa ir

Arrancada de mim, minha carne apodrece
Minha alma sofre, minha mente mente e eu deliro
O êxtase da ignorância já não me pertence mais

Ao longo do caminho, cortei fora o que quis, o que fui obrigada e o que queria manter
Aguardando sozinha, não posso mais resistir
Sentindo essa dor que nunca vai embora

Por favor, alguém me dê uma razão para não desistir
Por favor, alguém me dê uma razão para persistir
Por favor, alguém me dê uma razão para não ruir

O verter de sangue não cessa
O êxtase da ignorância já não me pertence mais
E é sempre e outra vez

Vertendo
Vertendo
Vertendo

Sempre e outra vez
Assim como antes
Sempre voltando ao mesmo ponto – ciclo vicioso de constante repetição

Silêncio!
Agora eu quero silêncio!
O meu sangue está vertendo

Vertendo
Vertendo
Vertendo

Sempre e outra vez
Assim como antes
Devo dizer que eu mesma sou o passo que me aproxima da beira

Silêncio!
Agora eu quero silêncio!
“Eu estou prestes a quebrar!”

“Já acabou, na minha cabeça?”


“Já acabou, na minha cabeça?”

Não há nada em seus olhos.
Há nada em meus olhos.
Quanto mais eu olho menos aprecio, menos gosto.

“Já acabou, na minha cabeça?”

Quanto mais tento, mais vejo que nada sei.
E não revelarei nada do que se passa na minha mente.
E não revelarei nada do que se passa na sua mente.

“Já acabou? Eu não posso vencer.”

Então sacrifico-me e fico com o que restar.
Não há mais fogo em meus olhos ou vontade em mim,
mas eu passarei por todo esse caminho.

“Já acabou, na minha cabeça?” Vá embora, por favor.

“Você tirou o fôlego de dentro de mim.
Você deixou um buraco onde meu coração deveria estar”
Eu sei que deveria lutar para ultrapassar, pois se não o fizer você será a minha morte.

“Já acabou? Eu não posso vencer.”

Sinto que isso tudo acabará em breve.
Enquanto espero, sacrifico-me: derramo sal na ferida,
busco me entristecer, anseio pelo doer.

“Já acabou, na minha cabeça?”

Sacrifícios e tormentos já fazem parte da minha rotina.
Isolo-me e aguardo.
Escondo-me e martirizo-me, mortifico-me.

“Já acabou? Deixe-me entrar.”

Eu passarei por todo esse caminho,
mesmo sem fôlego,
mesmo com um buraco no lugar do coração.

“Já acabou? Eu não posso vencer.”

Estou esperando,
estou pedindo:
Entenda, comece a me odiar.

“Já acabou, na minha cabeça?” Vá embora, por favor.

Eu sei que deveria lutar para ultrapassar,
pois se não o fizer você será a minha morte.
Mas já não há mais força...

“Já acabou? Deixe-me entrar.”

“Já acabou, na minha cabeça?”
“Já acabou? Eu não posso vencer.”
“Você tirou o fôlego de dentro de mim.”
“Você deixou um buraco onde meu coração deveria estar”
“Já acabou, na minha cabeça?” Vá embora, por favor.

Feridas




Feridas 

… porque há feridas que não podem ser curadas...
E rastejam sob minha pele
e me derrubam
e confundem o que é real,
o medo confunde-se com o real

Há algo dentro de mim que me puxa para baixo da superfície
que me consome
que me confunde
que me confina,
esta falta de alto-controle me acaba

Controlar-me... Parece que não consigo...
E eu temo que isso nunca acabe
Minhas paredes fecham-se ao meu redor
Não há luz
não há som

E eu não consigo me encontrar de novo
e eu nunca me senti desse jeito antes
e eu estou certa de que há coisas demais para suportar
E eu já me senti desse jeito antes:
Tão insegura, tão vazia, tão triste...

Rastejando por mim estão as minhas feridas incuráveis
O desconforto eterno se depositou em mim
e me distrai
e me retrai
e reage com os tormentos internos

É contra minha vontade que me analiso
é contra minha vontade que me contemplo no espelho
é terrivelmente assustador como parece que não consigo me encontrar
como parece que não consigo deixar de ceder
como parece que tudo isso um dia – ou talvez nunca - vá findar

O lugar fica cada vez mais estreito
e sem um senso de direção e confiança
estou convencida de que há mais por vir
de que não há por onde sair
de que há mais pelo que padecer

Feridas rastejantes espalham-se por mim
incuráveis
perturbadoras
inconfundíveis
cancerígenas

Há qualquer coisa me fazendo submergir
me fazendo ruir
me esgotando
Eu temo que nunca acabe
que continue controlando e confundindo o que é real

Às vezes... Sempre... Enquanto




Às vezes... Sempre... Enquanto

Às vezes busco a solidão,
busco me sentir mal...

Às vezes me coloco em mais problemas,
me coloco em mais sofrimento e tristeza...

Sempre me punindo pelo que sou,
me punindo pelo que fiz – ou não fiz...

“O mal que me faço,
a dor que me causo,”

são “o preço que pago,
por outros pecados que cometi.”

Aprendi que a vida é dura,
do pior jeito.

E agora, eu sou ainda mais:
retesada, insensível, dura, áspera, híspida... e resistente

Não posso escolher como me sinto,
mas posso escolher o que fazer a respeito.

Enquanto houver raiva, eu nada direi!
Enquanto houver ódio, eu nada direi!

Enquanto houver mágoa, eu nada direi!
Enquanto houver dor, eu nada direi!

Enquanto não houver lágrimas, eu nada direi!
Enquanto não houver paz, eu nada direi!

Enquanto não houver confiança, eu nada direi!
Enquanto não houver alegria de forma estável e não-efêmera, eu nada direi!

Porque seria cruel demais jogar todas as verdades diante de você
e de uma forma tão desmedida, demonstrativa e intensa.

Mesmo que seja o certo.
Mesmo que seja o melhor para mim.

Por isso, às vezes, me afasto.
Por isso, sempre, me calo.

Por isso, sempre, me afasto.
Por isso, às vezes, me calo.

Importância



Importância

Importante demais para se importar
Importante demais para qualquer pessoa
Importante demais para se deixar levar
Importante demais para se preocupar com como isso soa

Fingindo ser tudo o que queria ser
Fingindo ter até o que não possui
Fingindo ver
Fingindo o que fui e não fui

É sempre assim
É sempre sem importância
É sempre frio e carmim
É sempre sua consciência e ignorância

E ninguém sabe como realmente sou
E ninguém sabe como estou
E ninguém sabe para onde vou
E ninguém sabe, nem mesmo eu, porque ainda não normalizou, cessou...

Mas a quem importa se sou aquela que chora sozinha?
Mas a quem importa se não tenho pra onde ir?
Mas a quem importa se não há nada nem ninguém que me salve de mim mesma?
Mas a quem importa se eu jamais conseguir sair?

Não há escape
Não há quem veja através de mim
Não há quem perceba o medo da morte
Não há recolher nem cessar de lágrimas e carmim

Ninguém ouve o grito escondido
Ninguém ficou para me salvar
Ninguém enfrenta comigo
Ninguém responde

Para onde posso ir?
Para onde vou fugir quando não houver ninguém para me estender a mão?
Para onde posso correr se não há escape dessa sensação?
Para onde vou fugir quando estiver completamente só e já não houver ninguém a me ouvir?

Não posso mais fugir da verdade
Não posso mais fingir que não receio
Não posso mais abandonar tudo
Não posso mais escapar desse meio

Estou tão cansada de falar palavras que ninguém entende
Estou tão cansada da solidão
Estou tão cansada do vazio abundante
Estou tão cansada de minha própria e constante negação

Que chego a extremos:
Que ouço e me firo com seus sussurros
Que sofro mais a cada grito e lágrima que não vê nem ouve
Que inverto tudo o que há em mim. E essa inversão me move

O que fazer se não há lugar para mim?
O que fazer se não resta mais ninguém aqui?
O que fazer se não consigo me manter inteira?
O que fazer se não é mais eficaz a máscara?

Meus problemas já arrombaram minhas portas
Meus fantasmas assombram minhas memórias
Meus medos destroem o que sobrou da minha resistência
Minha vontade me trai. Já não quero escapar, ou esquecer, ou melhorar... Já não há importância

Nada Vejo





Nada Vejo

Recordo-me da sensação de estar viva,
de ter o chão sob meus pés,
da consciência entre meus dedos
e da felicidade sempre presente nas fibras agora inexistentes do meu coração.

E era feliz!
Ah! Quão feliz era!
A felicidade me sobrevinha tão facilmente
que é difícil acreditar que isso foi em uma época distante.

Tão distante quanto a própria existência... e não sei o motivo.
Também não sei porque, não lembro, mas ainda vivo.
Vejo tudo o que tinha morto – sonhos, desejos, esperanças, crenças, anseios, vontades, beatitudes...
Um por um se foram...

O carmim manchando o solo,
as roupas velhas e sujas,
as lágrimas dolorosas e dilacerantes,
que nunca foram o suficiente...

Toda a dor do fatídico momento,
toda o solidão do auto-confinamento,
todo o desespero sufocado que guardei calada,
todo o vazio que só aumentava.

Mas cansei de chorar,
cansei de rever todas as suas mortes.
A apatia aplacou a dor e a mágoa.
Superabundou vazio e solidão. Mas eu deixei!

Não havia caminho para escolher.
Era tanto cansaço que minha vida parou,
minha existência estagnou
mas o tempo nunca parou...

Apesar de tudo, surpreendo-me com o parco prazer que sinto com os batimentos de meu coração,
sempre constante,
sempre rindo-se,
sempre debilitado.

Com o passar dos anos, a vida cessa para alguns,
já desejei trocar de lugar com eles,
mas a minha existência continua.
A pena não cessa.

Solidão é um pouco do que me resta.
Não há paz,
nem futuro no qual me apegar.
Não entendo...

Por que continuo vivendo?
Ainda sentindo o sangue feito correnteza a correr pelas veias, por quê?
Pra que sentir toda essa dor?
Por que a ausência de ar não faz a sua parte no ciclo da minha vida?

Solidão... Quantas vezes já me deparei com ela?
Quantas ainda vou ter de me deparar?
Não é como se essa dor, esse sofrimento, essa sensação de vazio e inutilidade fossem novidades.

O problema é que é sempre nesses momentos,
quando a solidão ataca em sua mais angustiante e terrível forma,
que os anos evaporam-se e eu nada vejo.

Um dia...



Um dia...

Um dia pude perdoar...
me tornei forte
mesmo sentindo aquela mágoa
mesmo com a ferida permanente acostumada a sangrar e a me sentir prejudicada
e me perguntei: como começar de novo?

Um dia eu pedi perdão
e me tornei grande
e fiquei livre, ao menos em parte, da imperfeição que só fazia estrago...

Um dia mostrei meus motivos...
fui eloquente
mas me senti ainda mais carente
antes mesmo que eu visse ou pensasse
estava sozinha... e vazia...

Um dia parei para ouvir aos outros
e me tornei mais humana
e além dos sons havia cores e sensações recompensadoras e lindas

Um dia lutei minha própria batalha...
fui brava, corajosa...
mas a rua vazia chorou,
o anjo que fui se encolheu
e o carmim de mim jorrou

Um dia lutei por causas alheias...
e fui mais gente
e pude sentir algo além do vazio: o bem! Pude sentir todo o bem...

Um dia lutei pelo que queria, por minhas vontades...
perseverei
mas tão depressa quanto veio se foi e esmoreci...
me perguntei: o que vou fazer?
não posso esquecer... e as lágrimas não secaram com o sol que fez

Um dia dividi o que tinha...
e fui rico!
e havia prazer e gratidão

Um dia recebi aplausos...
fui admirada.
e ruí com a inveja e a depreciação alheia e interna
aí, havia ausências e falta de esperanças
eram masmorras com instrumentos e apertadas trancas

Um dia fiz o bem em silêncio.
e os aplausos vieram dos anjos
e a recompensa veio do alto, veio de Deus.

Um dia usei a inteligência...
me tornei respeitada
mesmo assim não consegui evitar de pensar que estava falando sem ninguém ouvir
e que estava ouvindo o que ninguém dizia
e todas as palavras já inventadas não eram suficientes para exprimir o que senti (o) ou pensei (o)

Um dia usei o coração...
e fui amada!
e a ferida havia sido tampada, e “eu estava perfeita – não curada,
mas como se nunca tivesse havido ferida.”
Estabilizada. Inteira. Eu estava inteira.

Quando me dei conta, tudo havia mudado.
e eu estava bem -
ou quase...

Ainda não estava curada
mas podia sentir meu coração batendo no peito, o sangue numa rápida correnteza por minhas veias
de novo e meus pulmões se enchendo de ar – abrandando a isquemia

Um dia acordei como se nunca tivesse havido o buraco, a ferida, o vazio no meu peito
eu estava inteira de novo
inteira, como a muito não estava
bem, como a muito não me sentia
viva, como a muito não vivia

Se alguém ainda estiver aí... Acompanhando...



Oi, pessoal! 

Se alguém ainda estiver aí, me acompanhando... Sei que me ausentei por um longo período. Desculpem por isso! Posso dizer que parte da culpa  foi da vida mais corrida com a faculdade mais próxima dos períodos finais e do aumento de responsabilidades no estágio. Mas não foi só isso. Na verdade a maior parte da culpa foi de processos e coisas que acontecem dentro de mim mesma...

Às vezes, preciso de um tempo... Às vezes, preciso me ausentar. E de tudo. E de todos...

É algo que me é inerente. Não há como eu evitar...

De tempos em tempos eu preciso parar e me reestruturar. Preciso me afastar de tudo, às vezes até de mim mesma... Porque é como se o tempo todo eu me perdesse, me quebrasse... E o cumulativo disso me acaba. Mas eu só consigo me reconstruir depois das  ruínas. Não consigo intervir, ainda, enquanto o processo está ocorrendo... É algo que pretendo atingir, mas que ainda não consegui.

Essas ausências fazem parte de quem sou. Sei que é algo complicado de se lidar. Mas é algo que não está ao meu controle. Me desculpem!

Se alguém ainda estiver aí... Me acompanhando... Espero, espero mesmo, que possam relevar essa falha que há em mim. Espero que minhas próximas composições também sejam uma espécie de compensação. Tenho aprendido a expor mais da minha alma com minha escrita. Tenho aprendido mais sobre mim mesma.

Espero que possam me perdoar... 
Espero que ainda estejam aí....

Se alguém ainda estiver aí... Acompanhando... Deixe um oi pra mim...