quarta-feira, 25 de maio de 2011

Persistência da Memória


Os dedos com que me tocaste
persistem sob minha pele,
movidos pela memória.
O cheiro que se desprendia de ti
persiste em minha narina
mantido pela memória.
O lugar onde me levaste
persiste em minha lembrança,
guardado pela memória.
O carinho com que me trataste
persiste em meu coração,
mantido pela memória.
O olhar que me lançaste
persiste em meus sonhos,
guardado pela memória.
A paz que me passaste
persiste em meu âmago,
movida pela memória.
O silêncio pelo qual nos comunicávamos
persiste em meus ouvidos,
mantido pela memória.
A ilusão que em mim criaste
persiste em minha mente,
guardada pela memória.
A relativa felicidade com a qual me inundaste
persiste em meu interior,
movida e transmitida pela memória.
A ausência de acontecimentos externos não me entristece,
pois persiste em mim um pressentimento de espereança,
mantido pela memória.
No caminho para lugar nenhum
persiste a teimosia que em mim incitaste,
movida pela memória.
O sentimento que, sem esforço, em mim despertaste
persiste inviolado
guardado pela memória.

Não há escapatória


Não há escapatória:
as coisas boas e importantes da vida findam,
desaparecem escapam...
Não há escapatória!
Pessoas, ideias e sonhos somem...
e de uma hora para outra nos vemos sem nada...
A resistência pode durar um dia, uma semana, alguns meses, alguns anos...
Mas estamos fadados a perder.
Parece ser destino selado...
O corpo continua vivo,
mas um golpe mortal atinge a alma mais cedo ou mais tarde...
Não há escapatória!
Um crime perfeito!
Não há a quem culpar!
Não há escapatória!
Assassínio da Alegria, da Alma...
Por quais motivos...? Onde estão...?
Não há respostas.
O que sobrou de mim está retornando para esse mundo,
onde só faz sentido aquilo que vemos, tocamos e podemos explicar...
Para mim já não há escapatória.